Comida afetiva, daquelas que a gente guarda lembranças, aquelas cheias de sabor.
Que são verdadeiramente gostosas e relativamente saudáveis, mesmo com todos os poréns dos dias de hoje (manteiga, glúten, e afins estão sendo massacrados!), essas são as melhores, na minha opinião.
Digo que meu objetivo é cozinhar como uma avó. Daquelas que TUDO que faz fica gostoso, independente de quais ingredientes tenha em mãos.
Quero que meu filho tenha a mesma memória afetiva da minha comida, que eu tenho da minha mãe e das minhas avós.
Sendo assim, esses dias ganhei um livro de receitas de tortas.
E decidi literalmente botar a mão na massa, uma vez que eu não costumo preparar muito essas coisas aqui em casa. Sempre achei que essa parte não era pra mim.
Hoje acho que nada mais é que treino e, claro, amor.
Adaptei a receita, para poder usar o que eu tinha em casa.
Comecei pelo recheio. É uma torta vegetariana, porque eu também queria usar os legumes antes de começarem a estragar.
Na receita ele se chama Empadão Verde Integral.
Apesar de não me parecer em nada com um empadão, e não ter praticamente nada de integral, esse é o nome dele. Eu prefiro chamar de Torta Verde. ;)
Comecei pelo recheio: 200g de ervilha congelada / 2 abobrinhas cortadas em cubinhos / 1 beringela cortada em cubinhos / metade de uma pimenta dedo-de-moça / 1/3 de farinha de trigo integral / 2 xíc. (chá) de leite / 1 pacote de queijo parmesão ralado (eu tinha meio acho, completei com parmesão ralado na hora) / sal e pimenta-do-reino a gosto.
Adivinhem o que eu usei pra refogar os legumes??
Refoguei a pastinha de tempero, com cebola e a pimenta picadinha.
Coloquei a beringela, a abobrinha e a ervilha pra refogar. Juntei mais salsinha, e já dei uma temperada com sal e tempero baiano (que é uma mistura de temperos, fácil de achar em feiras, e ótimo de ter em casa), lembra das camadas de sabor?
Aí lembrei do espinafre congelado que tinha e coloquei também, até murchar. (Adoro comprar na feira, lavar e já separar em saquinhos pra congelar. Folhas verde escuras fazem muito bem, e espinafre é sucesso na cozinha, dá pra fazer muuuita coisa.)
A farinha integral, eu primeiro misturei com um pouco do leite morno, pra fazer uma pasta e engrossar o recheio. É melhor misturar a farinha assim, pra não empelotar.
Joguei o restante do leite, e experimentei. A farinha integral tem um gosto meio forte, eu sentia bem ela, talvez numa próxima eu faça com farinha normal mesmo, uma vez que essa torta não é essencialmente integral.
Então por conta própria resolvi colocar uma colherada bem generosa de Requeijão Light.
Esses truques sempre salvam.
;)
Joguei o pacote de queijo ralado, e completei com queijo parmesão ralado na hora.
Mistura tudo bastante, experimenta, veja se o tempero está do seu gosto e deixa apurar, até ficar mais grosso.
Vamos para a massa?
3 xíc. chá de farinha de trigo comum / 1 col. chá de fermento em pó / 1 col. chá de sal / 1/2 tablete de manteiga gelada / Na receita original pedia 1/2 xíc. chá de gordura vegetal hidrogenada, eu não tinha, então coloquei uma caixinha de creme de leite / 1 col. sopa de leite / 1 gema para pincelar
Misture a farinha, o fermento e o sal. Acrescente a manteiga e o creme de leite e misture tudo com as pontas dos dedos. Fica como uma farofa molhada. Junte o leite e amasse bem. A minha ficou como essa aí de cima.
Numa fôrma untada, com fundo removível, eu moldei a massa cobrindo toda a fôrma.
Com a outra metade, eu abri bem a massa, para cobrir a torta. Me senti a própria Dona Benta, com o rolo na mão.
Coloque o recheio, e cubra com a massa. Retire o excesso, aperte as bordas com um garfo, e pincela com a gema.
Eu estava incrivelmente mimosa nesse dia, então além de salpicar gergelim preto (que faz MUITO bem), eu ainda moldei as iniciais de todos da família. Inclusive do Zappa.
40 minutos no forno, e pronto! Ela ficou linda, e com MUITA cara de comida de avó.
Ficou bem gostosa, mas talvez eu precise trabalhar por um recheio um pouquinho mais firme na próxima.
Pensei também em adicionar uns cubinhos de queijo branco. Sucesso certeiro.
Um certo rapazinho pediu o prato dele especial.
E esse é o tal livro delicioso. Que vale muito a pena ter pra se inspirar.
Uma vida de amor pelas vovós.